Estratégia Anticorrupção do Reino Unido Aponta à Evasão de Sanções com Criptomoedas

Em resumo

• Na segunda-feira, o vice-primeiro-ministro britânico David Lammy apresentou novas medidas para combater a corrupção no Reino Unido e no estrangeiro.
• Incluem o reforço da supervisão e da aplicação da lei para visar atores que canalizam dinheiro ilícito através de propriedades e criptoativos.
• O Ministério dos Negócios Estrangeiros irá também organizar um evento no próximo ano para reforçar a colaboração internacional.

Centro de Arte, Moda e Entretenimento da Decrypt.

Descubra SCENE

O governo britânico revelou uma nova Estratégia Anticorrupção destinada a reforçar a aplicação da lei, fechar lacunas no combate ao crime financeiro e limitar o uso de criptoativos para contornar sanções internacionais.

O vice-primeiro-ministro e ministro da Justiça, David Lammy, anunciou a estratégia na segunda-feira, descrevendo a corrupção como uma ameaça que “seca países, alimenta conflitos como a brutal guerra de Putin na Ucrânia e espalha-se pelas fronteiras como uma nódoa.”

“Nós lideraremos internacionalmente, reunindo parceiros para fechar as brechas exploradas por cleptocratas e criminosos organizados”, afirmou Lammy em comunicado.

“Cá dentro, estamos a reforçar a aplicação da lei, a erradicar a minoria de agentes corruptos nas nossas forças públicas e a reformar os nossos tribunais para combater crimes económicos complexos. A nossa mensagem é clara: o Reino Unido não tolerará corrupção — agora nem nunca.”

A Agência Nacional do Crime estima que mais de $133 mil milhões são lavados através do Reino Unido todos os anos. As empresas britânicas enfrentaram 117.000 propostas de suborno internas em 2024, no valor de mais de $400 milhões, prejudicando empresas legítimas e prejudicando consumidores. A NCA também desmantelou redes de branqueamento de capitais russas no Reino Unido, apreendendo mais de $27 milhões em dinheiro e criptomoedas.

Combater a corrupção

A estratégia visa tanto a corrupção interna como atores estrangeiros que canalizam riqueza ilícita através do Reino Unido.

O ministro da Segurança, Dan Jarvis, afirmou que o plano assenta em três pilares. Em primeiro lugar, pretende reprimir os atores corruptos e as suas finanças através do reforço da aplicação policial, ampliação das sanções, reforma da estrutura de proteção de denunciantes, maior transparência de propriedade e uma revisão geral dos sistemas de supervisão britânicos de combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.

Estima-se que as empresas britânicas tenham recebido ofertas de suborno no valor de £309 milhões no último ano — causando-lhes prejuízos e custando dinheiro aos trabalhadores.

Estamos a duplicar o número de agentes especializados em anticorrupção para aumentar a nossa capacidade de combater o suborno e a corrupção no Reino Unido.

— Home Office (@ukhomeoffice) 8 de dezembro de 2025

Também irá fortalecer as instituições do Reino Unido, elevando os padrões de vida pública através de uma nova Comissão de Ética e Integridade, regras mais rigorosas para nomeações empresariais e maior transparência em torno das doações políticas.

Por fim, o Reino Unido quer trabalhar mais estreitamente com parceiros estrangeiros para reforçar as defesas coletivas contra a corrupção e o financiamento ilícito.

“A implementação destas medidas tornará o Reino Unido um alvo mais difícil para atores corruptos e os seus fundos, melhorará a confiança na vida pública, apoiará o investimento e reforçará a nossa segurança nacional”, afirmou Jarvis.

A estratégia baseia-se no anúncio feito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros no domingo de que o Reino Unido irá acolher uma cimeira internacional sobre finanças ilícitas em junho de 2026. O evento reunirá governos, sociedade civil e representantes do setor privado, incluindo grandes bancos, para criar uma coligação global contra o dinheiro sujo, na esperança de criar “novos acordos para combater métodos modernos de movimentação de dinheiro ilícito, como o branqueamento no setor imobiliário, o uso indevido de criptoativos e o comércio de ouro ilícito.”

O dinheiro sujo é a força vital dos grupos do crime organizado e da corrupção.

A nossa cimeira no próximo ano acordará novas e rigorosas ações internacionais para combater os fluxos de financiamento ilícito e tornar as nossas ruas mais seguras.

— Stephen Doughty HC MP (@SDoughtyMP) 7 de dezembro de 2025

Não respondeu a um pedido da Decrypt para mais detalhes sobre o uso indevido de criptoativos.

Daniel Bruce, diretor executivo da Transparency International UK, classificou o novo plano como o mais ambicioso do governo em anos, mas alertou para “lacunas críticas” na integridade política e no financiamento partidário.

“O Reino Unido continua sem limites máximos para doações nem limites de gastos reduzidos que proporcionariam verdadeira proteção contra a influência do grande dinheiro na política”, disse ele.

“Falta ação na integridade política, com a porta giratória a permanecer, na prática, sem fiscalização para ministros, deixando Westminster lamentavelmente opaco em comparação com os seus pares internacionais.”

A ministra dos Negócios Estrangeiros, Yvette Cooper, afirmou que o governo está “comprometido em inverter a maré”, destacando as criptomoedas como sendo “cada vez mais exploradas por traficantes de pessoas para esconder os seus lucros.”

Em comunicado, destacou novas sanções contra redes globais de fraudes, ações contra oligarcas ligados ao Kremlin e esforços para travar criminosos que escondem riqueza em propriedades de Londres.

“O dinheiro sujo alimenta o crime nas ruas do Reino Unido e impulsiona o conflito e a instabilidade no estrangeiro”, afirmou Cooper. “Cleptocratas a comprar propriedades para lavar os seus ganhos ilícitos — e a fazer disparar os preços das casas como consequência. Os lucros do comércio ilícito de ouro a financiar a invasão russa da Ucrânia e o terrível conflito no Sudão.”

“Estou a dar início aos preparativos para a Cimeira e a avisar os corruptos: o Reino Unido está pronto para vos travar”, acrescentou.