Poderás não te ter apercebido, mas as stablecoins já se tornaram o instrumento geopolítico mais discreto dos Estados Unidos.
Os dados falam por si
Em 2024, o volume de transações on-chain de stablecoins atingiu 15,6 biliões de dólares — o que isto significa? É 20% superior ao volume anual de transações da Visa. Atualmente, o fornecimento total de stablecoins ultrapassa os 30 mil milhões de dólares, um aumento superior a 50% face ao período anterior.
Mais impressionante ainda: só a Tether detém cerca de 180 mil milhões de dólares em dívida pública dos EUA, sendo agora o sétimo maior detentor estrangeiro de dívida norte-americana — à frente do Canadá e do México. Cada vez que um USDT é emitido, na prática trata-se de um “investimento forçado” em dívida pública dos EUA.
O “petrodólar 2.0” já arrancou silenciosamente
A recém-aprovada lei GENIUS do Congresso dos EUA estipula claramente: as stablecoins devem ser 100% lastreadas por dívida pública dos EUA ou numerário. O que isto significa?
Cada stablecoin é uma exportação de dólares
Cada pagamento transfronteiriço reforça a posição do dólar
Cada novo token emitido torna-se automaticamente um empréstimo sem juros ao Tesouro dos EUA
Dos petrodólares ao dólar digital, os EUA encontraram um sistema ainda mais difícil de contornar do que o SWIFT.
Os mercados emergentes são o verdadeiro campo de batalha
A história da Argentina ilustra bem a situação: 62% das transações cripto locais usam stablecoins, com o USDT a transacionar com um prémio de 30% sobre o câmbio oficial — as pessoas preferem pagar mais pelo “dólar digital” do que confiar na moeda nacional.
Na Turquia, o volume de transações em stablecoins atingiu 38 mil milhões de dólares no ano passado, equivalendo a 4,3% do PIB — a percentagem mais alta do mundo. Venezuela, Nigéria, Brasil… Em todos os países com alta inflação ou controlo de capitais, as stablecoins tornaram-se “dinheiro de salvação”.
Ainda mais impressionante: a Polygon processa agora entre 50% e 70% das transações de stablecoins na América Latina, África e Sudeste Asiático. Stripe, Coinbase e MoonPay já a utilizam para liquidação transfronteiriça — isto já é uma verdadeira transferência de infraestruturas financeiras, não apenas teoria.
Riscos e oportunidades lado a lado
Boa notícia: as stablecoins estão a resolver problemas que a banca tradicional não consegue — pagamentos 24 horas sem fronteiras, câmbio barato, inclusão financeira.
Má notícia: os EUA estão a usá-las para consolidar a hegemonia do dólar; os mercados emergentes, embora ganhem estabilidade, tornam-se ainda mais dependentes do ecossistema do dólar.
O Morgan Stanley já reconheceu as stablecoins como uma oportunidade de investimento incremental. O fundo BUIDL da BlackRock investiu 500 milhões de dólares na Polygon, e o fundo de obrigações da Franklin Templeton também usa a Polygon para exposição à dívida pública norte-americana — as instituições já entraram em jogo há muito tempo.
O fornecimento total de stablecoins representa apenas 1% do M2 dos EUA, havendo ainda imenso potencial. Se este número crescer 10 vezes, o que poderá acontecer?
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As stablecoins estão a reformular silenciosamente o panorama financeiro global.
Poderás não te ter apercebido, mas as stablecoins já se tornaram o instrumento geopolítico mais discreto dos Estados Unidos.
Os dados falam por si
Em 2024, o volume de transações on-chain de stablecoins atingiu 15,6 biliões de dólares — o que isto significa? É 20% superior ao volume anual de transações da Visa. Atualmente, o fornecimento total de stablecoins ultrapassa os 30 mil milhões de dólares, um aumento superior a 50% face ao período anterior.
Mais impressionante ainda: só a Tether detém cerca de 180 mil milhões de dólares em dívida pública dos EUA, sendo agora o sétimo maior detentor estrangeiro de dívida norte-americana — à frente do Canadá e do México. Cada vez que um USDT é emitido, na prática trata-se de um “investimento forçado” em dívida pública dos EUA.
O “petrodólar 2.0” já arrancou silenciosamente
A recém-aprovada lei GENIUS do Congresso dos EUA estipula claramente: as stablecoins devem ser 100% lastreadas por dívida pública dos EUA ou numerário. O que isto significa?
Dos petrodólares ao dólar digital, os EUA encontraram um sistema ainda mais difícil de contornar do que o SWIFT.
Os mercados emergentes são o verdadeiro campo de batalha
A história da Argentina ilustra bem a situação: 62% das transações cripto locais usam stablecoins, com o USDT a transacionar com um prémio de 30% sobre o câmbio oficial — as pessoas preferem pagar mais pelo “dólar digital” do que confiar na moeda nacional.
Na Turquia, o volume de transações em stablecoins atingiu 38 mil milhões de dólares no ano passado, equivalendo a 4,3% do PIB — a percentagem mais alta do mundo. Venezuela, Nigéria, Brasil… Em todos os países com alta inflação ou controlo de capitais, as stablecoins tornaram-se “dinheiro de salvação”.
Ainda mais impressionante: a Polygon processa agora entre 50% e 70% das transações de stablecoins na América Latina, África e Sudeste Asiático. Stripe, Coinbase e MoonPay já a utilizam para liquidação transfronteiriça — isto já é uma verdadeira transferência de infraestruturas financeiras, não apenas teoria.
Riscos e oportunidades lado a lado
Boa notícia: as stablecoins estão a resolver problemas que a banca tradicional não consegue — pagamentos 24 horas sem fronteiras, câmbio barato, inclusão financeira.
Má notícia: os EUA estão a usá-las para consolidar a hegemonia do dólar; os mercados emergentes, embora ganhem estabilidade, tornam-se ainda mais dependentes do ecossistema do dólar.
O Morgan Stanley já reconheceu as stablecoins como uma oportunidade de investimento incremental. O fundo BUIDL da BlackRock investiu 500 milhões de dólares na Polygon, e o fundo de obrigações da Franklin Templeton também usa a Polygon para exposição à dívida pública norte-americana — as instituições já entraram em jogo há muito tempo.
O fornecimento total de stablecoins representa apenas 1% do M2 dos EUA, havendo ainda imenso potencial. Se este número crescer 10 vezes, o que poderá acontecer?